Diabetes tipo 2 é uma doença crônica não-transmissível associada ao consumo de bebidas açucaradas, dieta não saudável e obesidade. A IDF – Federação Internacional de Diabetes, entidade que reúne cerca de 240 associações de diabetes em mais de 161 países, estima que a prevalência de diabetes no Brasil seja de 10,5% e o número de pessoas com a doença cresce a cada ano.
Não faltam evidências associando bebidas açucaradas, como os refrigerantes, chás e sucos industrializados, ao risco de obesidade, doenças cardíacas, cerebrovasculares (AVC) e osteomusculares, insuficiência renal, demências, asma e câncer, além da diabetes.
Pesquisa coordenada pelo Instituto de Efectividad Clinica y Sanitaria (IECS), que contou com o apoio da ACT Promoção da Saúde na coleta dos dados sobre o Brasil, apontou que, no país, adultos consomem cerca de 62 litros de bebidas açucaradas/ano. Enquanto as crianças passam de 88 litros.
Segundo o estudo, mais de 1,3 milhões de pessoas desenvolveram diabetes tipo 2 devido ao consumo de bebidas açucaradas. Pelo mesmo motivo, a cada ano, temos 81 mil novos casos e 5 mil mortes.
Outra consequência alarmante do consumo desse tipo de bebida se reflete sobre impacto sobre o SUS (Sistema Único de Saúde). Todo ano, os cuidados com o diabetes tipo 2 comprometem mais de R$ 2,2 bilhões do orçamento.
A tributação de bebidas açucaradas se destaca entre m as políticas públicas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para conter o avanço de doenças crônicas relacionadas à alimentação inadequada, como o diabetes.
“O impacto do consumo de bebidas açucaradas na saúde da população merece destaque no atual debate sobre o Imposto Seletivo e a Reforma Tributária no Brasil. O imposto mais alto sobre os refrigerantes, os sucos industrializados e outros pode ser uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida da população, evitar novos casos de doenças, como a diabetes tipo 2, e salvar vidas”, explica Marília Albiero, Coordenadora de Inovação e Estratégia da ACT Promoção da Saúde.
Estudo realizado por pesquisadores da PUC Campinas, Universidade Federal de Uberlândia e Universidade Federal de São Carlos, com financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), traz estimativas que mostram como a adoção de impostos de saúde pode prevenir doenças crônicas e salvar vidas. A pesquisa levantou quais seriam os números de prevalência, incidência e mortes por diabetes ao longo de 20 anos em dois cenários distintos de tributação: o primeiro, se a tributação fosse igual a atual, e o segundo, em que o preço das bebidas açucaradas seria aumentado em 20%.
O cálculo mostrou que, em 10 anos, se adotado o imposto de 20%, seriam evitadas mais de 11 mil mortes por diabetes tipo 2, reduzidos em 403 mil o número de casos existentes de diabetes tipo 2 e teriam menos 100 mil novos casos de diabetes tipo 2.
Neste ano o Brasil aprovou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis no Brasil, 2021-2030. O documento e traz diretrizes para a prevenção dos fatores de risco das doenças e agravos não transmissíveis e para a promoção da saúde da população de um modo geral.
Entre as ações previstas no plano para a prevenção e o cuidado com o diabetes, vemos o estímulo a medidas intersetoriais voltadas à redução do consumo de alimentos ultraprocessados e açúcar, por exemplo. “A tributação de bebidas açucaradas e ultraprocessados está totalmente alinhada ao plano que o país definiu para si mesmo com o objetivo de prevenir doenças crônicas, como o diabetes”, conclui Marília Albiero.
Assessoria