o fluxo de atendimentos no HC-UFU?
Fique por dentro do que mudou após quatro meses de atendimento referenciado
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), é um hospital universitário e é referência regional no atendimento de média e alta complexidade. Por isso, seus serviços são altamente especializados e voltados, principalmente, para casos que exigem uma estrutura avançada de atendimento. Desde dezembro de 2024, conforme contrato com a Secretaria Municipal de Saúde, o atendimento do Pronto Socorro passou a ser referenciado. Ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos hospitais públicos de alta complexidade não são de acesso direto — ou seja, o cidadão não pode simplesmente ir até o local e ser atendido. O acesso é organizado por meio da atenção básica, especialmente pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde o paciente é acolhido, avaliado, orientado e, quando necessário, encaminhado para outros níveis de atenção, com base nos protocolos clínicos e na necessidade apresentada. O sistema de regulação de vagas é responsável por identificar, dentro da rede pública, qual serviço está apto a receber aquele paciente no momento. Esse processo contribui para uma gestão mais eficiente dos recursos públicos, garante mais equidade no acesso e evita a superlotação dos hospitais. Assim, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante que cada pessoa seja atendida no lugar certo, com o profissional adequado e no tempo necessário para seu cuidado. Karina Rezende, chefe do Setor de Contratualização e Regulação do HC-UFU, explica: “O principal objetivo da regulação assistencial é ajustar a oferta de serviços de saúde às necessidades da população, para proporcionar o cuidado adequado em tempo oportuno, garantir a universalidade, equidade e integralidade do SUS, além de integrar o planejamento e melhorar o sistema”. Um exemplo prático que ajuda a entender a importância dessa organização é: se uma pessoa com uma queixa leve ou sem urgência procurar diretamente um hospital de alta complexidade, ela pode acabar ocupando o lugar de alguém que realmente precisa de atendimento imediato e especializado — como vítimas de acidentes graves, queimaduras, grandes traumas, complicações clínicas severas ou doenças em estágio avançado. Essa estrutura evita que casos simples sobrecarreguem hospitais que devem estar preparados para situações críticas e para salvar vidas. Como funciona no HC-UFU Para acessar os serviços do HC-UFU, o caminho começa da mesma forma: o paciente deve procurar uma UBS ou Posto de Saúde, onde será avaliado. Se houver necessidade, ele será incluído no sistema de regulação, que irá encaminhá-lo ao hospital adequado — podendo ser o HC-UFU, caso haja vaga disponível e o caso se enquadre nos critérios clínicos para atendimento na unidade. Consultas ambulatoriais com especialistas no HC-UFU não são agendadas diretamente pelo paciente. Elas precisam ser solicitadas por um profissional da atenção básica, com base nos protocolos clínicos. Essa regra garante que os serviços especializados sejam utilizados com responsabilidade e por quem realmente precisa. As maiores dúvidas são sobre casos de emergência e acidentes graves, traumas, infartos, AVCs, partos de alto risco, tratamentos oncológicos, cirurgias delicadas, hemodiálise e internações em UTI. A profissional explica que, para essas situações, existe uma grade de pactuação aprovada. “As equipes de atendimento pré-hospitalar (SIATE e SAMU) direcionam os pacientes que necessitam de atendimento terciário imediatamente ao HC-UFU, conforme critérios definidos”, diz Karina Rezende. Por que o fluxo de atendimento mudou? A mudança no fluxo de atendimento é fundamental para garantir que os recursos hospitalares — que são limitados e altamente especializados — sejam direcionados com prioridade para os pacientes que mais necessitam. O novo modelo permite que casos de média e alta complexidade sejam atendidos com mais agilidade, segurança e qualidade. Ao organizar o acesso por meio da regulação, evita-se a superlotação, o desperdício de recursos e o uso inadequado de serviços especializados por casos que podem ser resolvidos nas UBSs. Isso permite que as equipes do HC-UFU concentrem esforços nos casos mais graves, oferecendo um atendimento mais eficiente, humanizado e com melhores resultados clínicos. Karina Rezende lembra que a referência é definida de acordo com os fluxos e as necessidades de cada caso. “É uma das estratégias para garantir a integralidade da atenção, ou seja, que o paciente tenha acesso a todos os níveis de complexidade da rede de serviços, conforme definido no Plano Ação Regional da Rede de Urgência Emergência (PAR da RUE)”, informa. Ao entender os fluxos, os usuários do SUS podem ter acesso aos atendimentos de forma mais eficaz e igualitária. Como o SUS é estruturado? O SUS é um sistema articulado e descentralizado, com responsabilidades compartilhadas entre os três níveis de governo: União, Estados e Municípios. Cada esfera tem um papel definido na gestão dos serviços de saúde, garantindo que as ações estejam organizadas de forma integrada e coordenada. A estrutura do SUS é organizada por níveis de atenção à saúde, que são distribuídos conforme a complexidade das necessidades dos pacientes. A atenção básica, ou primária, é a porta de entrada para o sistema e, através dela, o cidadão tem acesso a consultas com clínicos gerais, enfermeiros, vacinação, acompanhamento de gestantes, controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, além de ações de prevenção e promoção da saúde. É nesse nível que se inicia a maioria dos atendimentos, e também onde são feitos os encaminhamentos para serviços mais especializados, quando necessário. Quando o caso exige avaliação de profissionais com formações específicas ou exames mais detalhados, o paciente é encaminhado para a atenção secundária, que envolve atendimentos com especialistas como cardiologistas, neurologistas, ortopedistas, oftalmologistas, entre outros. Já a atenção terciária abrange os casos de maior complexidade, que exigem estrutura hospitalar avançada e alta tecnologia. Nessa etapa, estão incluídos procedimentos como cirurgias de alta complexidade, tratamento oncológico, transplantes, partos de risco, internações em UTI, hemodiálise, neurocirurgias, entre outros. Todos esses serviços são ofertados gratuitamente à população dentro do SUS. Assessoria |
2025-04-16
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