Que os cantores do Brasil estão longe de ser desconhecidos em terras lusitanas, ninguém duvida: a presença constante entre hits nas plataformas e trilhas sonoras de produções portuguesas estão aí para comprovar. Agora, que 62% dos residentes de Portugal já foram a shows de artistas brasileiros, isso é o que acaba de revelar a nova pesquisa da Preply — que investigou o que (e como) a população do país vem consumindo quando o assunto é a música produzida por aqui.
À plataforma, aliás, 96% dos entrevistados não apenas afirmaram consumir canções brasileiras, como também elegeram os principais nomes que lhe vêm à mente ao pensarem nos talentos surgidos no Brasil: Ivete Sangalo, Anitta e Caetano Veloso.
Para compreender a relação de Portugal com a cultura do nosso país, recentemente, a especialista no ensino de idiomas pediu que os respondentes compartilhassem o que pensam da arte do Brasil, entre suas experiências com shows e festivais e preferências pessoais. Além de revelarem o quanto consomem tais músicas, os ouvidos no estudo ainda puderam contar o quanto artistas nacionais como Giulia Be e Michel Teló os ajudaram a aprender o português falado fora das terras lusitanas.
Made in Brazil: os cantores e ritmos mais ouvidos em Portugal
Embora ondas de xenofobia não sejam incomuns no país, se existe algo que a pesquisa revela é como Portugal nunca esteve tão aberto ao consumo de artistas brasileiros, constatação evidenciada pelos mais de 90% dos respondentes que disseram já ter ouvido ou escutar com frequência cantores do Brasil.
A boa aceitação, nesse sentido, não parece se limitar somente às músicas ouvidas de modo involuntário em bares e restaurantes, por exemplo, ou em playlists aleatórias nas plataformas digitais. Isso porque, de acordo com os dados da Preply, 61,8% dos residentes em Portugal declararam já ter participado de shows ou festivais de personalidades como Anitta e Luan Santana — com 15,4% desses afirmando, aliás, terem ido a mais de um show promovido por brasileiros.
Mas, afinal, se tais cantores e bandas são tão acolhidos em Portugal, a que nomes poderia ser atribuída a popularidade das canções brasileiras? Ao que sugerem as respostas, ao menos três deles: Ivete Sangalo, reconhecida por 9,4% dos entrevistados, Caetano Veloso (5,7%) e, claro, o fenômeno Anitta (6%), dona dos hits globais “Mil Veces” e “Envolver“. Somam-se a eles, ainda, os também citados Roberto Carlos (4,8%) e Luan Santana (4,1%).
Já o pódio dos gêneros musicais de maior sucesso em Portugal, segundo residentes de todas as regiões, seria formado pelo sertanejo (46%), bossa nova (43,8%) e samba (40,8%), que dividem o coração dos entrevistados com os ritmos pop (39,4%) e funk (39,4%).
Aprendendo o português brasileiro com música
Seguindo a máxima de que consumir conteúdos é uma ótima forma de aprender novos idiomas, durante o levantamento, a maioria da população admitiu ouvir músicas produzidas no Brasil não apenas por diversão — mas para se manter em contato com o português falado fora de Portugal.
Quando questionados sobre seus maiores aprendizados linguísticos envolvendo canções brasileiras, 60,6% dos respondentes afirmaram já ter descoberto novas gírias e expressões coloquiais graças a diferentes composições musicais, enquanto 52% associam os maiores achados à pronúncia de certas palavras.
Para outros, por sua vez, o consumo de música foi o que possibilitou o aumento do vocabulário sobre temas específicos (40%), sem contar a exploração de sotaques e regionalismos diversos (34,8%).
Nessas horas, não parece equivocado sugerir que o fato de portugueses e brasileiros falarem a mesma língua se torna um facilitador durante o processo de aprendizagem. Não por acaso, mesmo reconhecendo as peculiaridades do idioma falado no Brasil, 66,4% dos entrevistados afirmaram entender por completo as letras das músicas, percentual mais expressivo em relação àqueles que ainda encontram dificuldades diante de composições mais desafiadoras (31,2%).
Muito além da música brasileira: outras produções de sucesso em Portugal
Mesmo sendo, na opinião dos respondentes, o produto mais consumido pela população, as respostas recentes à Preply apenas reforçam o que antes era uma impressão geral: as canções brasileiras não são as únicas a conquistarem os gostos dos portugueses.
Se comparadas às outras artes importadas do Brasil, cabe dizer, o grande destaque também vai para as produções audiovisuais, visto que tanto as famosas novelas (43%) quanto os filmes (22,2%) e programas de TV (25%) apareceram como os favoritos segundo os entrevistados — que, aparentemente, estão mais do que familiarizados com histórias como “Gabriela” (1977), a primeira a atravessar fronteiras até as telas lusitanas.
No momento em que a literatura brasileira tem sido cada vez mais reconhecida internacionalmente, os livros (18,6%) também receberam menções consideráveis por parte dos entrevistados pela plataforma, seguidos pelos festivais culturais (17,6%) diversos. Vale lembrar que, hoje, obras literárias brasileiras como “Torto Arado” (2019) e “Tudo é Rio” (2014) têm trilhado caminhos de sucesso em Portugal.
Metodologia
Para desvendar como a população de Portugal enxerga e consome músicas brasileiras, entre os dias 18 e 19 de março, 500 internautas de todas as regiões foram questionados sobre seus artistas e ritmos favoritos, bem como os aprendizados linguísticos obtidos por meio de canções produzidas no Brasil. Ao todo, os entrevistados responderam a 10 diferentes questões, que possibilitaram a criação de diferentes rankings — onde é possível conferir o percentual de cada alternativa apontada pelos respondentes.
Sobre a Preply
A Preply é uma plataforma online de aprendizagem de idiomas que conecta professores a centenas de milhares de alunos em 180 países em todo o mundo. Atualmente, mais de 40.000 tutores ensinam mais de 50 idiomas, impulsionados por um algoritmo de aprendizado de máquina que recomenda os melhores professores para cada aluno. Fundada nos Estados Unidos, em 2012, por três ucranianos, Kirill Bigai, Serge Lukyanov e Dmytro Voloshyn, a Preply cresceu de uma equipe de três pessoas para uma empresa com mais de 600 funcionários de 62 nacionalidades diferentes, com escritórios em Barcelona, Nova York e Kiev.