São 25 anos de Fresno. Poucas são as bandas que alcançam este marco e seguem ativas nos dias atuais – sem interrupções e/ou hiatos. As histórias contadas nesse tempo por meio das canções se misturam com a vida de Lucas Silveira (voz e guitarra), Vavo (guitarra) e Guerra (bateria); e funcionam quase como um diário em que é possível acompanhar a evolução do trio. Agora, eles lançam a primeira parte de mais um capítulo dessa narrativa: o álbum Eu Nunca Fui Embora. Ao longo de sete faixas, o décimo trabalho de estúdio chega às plataformas de áudio no dia 5 de abril (ouça aqui), aborda as diferentes facetas de relacionamentos e recebe Pabllo Vittar como participação especial em “EU TE AMO / EU TE ODEIO (IÔ-IÔ)”
“Não tenho dúvida de que este é o disco da nossa carreira”, sentencia Lucas. Pode até parecer exagerada, mas esta afirmação chega em um dos melhores momentos da história da banda. A maturidade deles também se reflete em como trabalham cada disco: Lucas, Vavo e Guerra criam os próprios padrões dentro da indústria musical. Assim como fizeram com o projeto INVentário (2021) — lançamento de uma série de singles que aqueceram os fãs para a chegada do disco Vou Ter Que Me Virar (2021) —, eles optaram por dividir o novo álbum em duas partes. “Foram muitas horas preparando um negócio que queremos que seja tão marcante quanto inspirador, e, se a gente soltasse tudo de uma única vez, ninguém ia ter ‘memória RAM’ pra processar tudo. Nem a gente”, comenta Lucas. A segunda parte está prevista para o meio deste ano, junto ao início da nova turnê.
A Fresno mescla o factual com o imaginário em “QUANDO O PESADELO ACABAR“, que conta com uma crítica aos resquícios do último governo e acordes pesados. “É uma reflexão sobre a época do governo anterior, mas acho que é bem atemporal no sentido de que, às vezes, sem perceber, mostramos para o mundo só o pior de nós”, sintetiza Lucas. “ME AND YOU (FODA EU E VC)“, por sua vez, parte de um simples questionamento: ‘por que não escrever sobre relacionamentos que deram certo?’. O resultado é uma canção dançante que não dá espaço para tristeza.
Na sequência vem “EU TE AMO / EU TE ODEIO (IÔ-IÔ)“, composição baseada no single “Io-Io”, do Trem da Alegria com a Xuxa, de 1988. Ela traz a participação de Pabllo Vittar e foi criada depois de um sonho do vocalista. “Estava na hora de termos uma parceria com a Pabllo e assim que comecei produzir esse som, entendi que seria perfeito para ela”, explica Lucas, que completa: “é uma música um pouco mais bem-humorada do que o normal da Fresno, mas ao mesmo tempo pesada e sensual”.
Já “CAMADAS” e “PRA SEMPRE” abordam questões da vida adulta e de um relacionamento amoroso com maturidade. “Elas têm o drama, a beleza, a coisa suave e as contemplações”, conta Lucas. O encerramento da primeira parte de EU NUNCA FUI EMBORA fica a cargo de “INTERLUDE“, um poema musicado com samples de todas as canções do álbum. “Conta um pouco sobre o que é nunca ir embora e tem participação de nós três nos vocais. É um poema relacionado com a história da Fresno e como a gente se enxerga como pessoas”, finaliza Lucas. Anteriormente, o grupo já tinha apresentado a faixa-título, “Eu Nunca Fui Embora” (assista aqui).
Os lançamentos da Fresno se desdobram para além da música: o novo momento do trio apresenta uma identidade visual renovada, inspirada no final da década de 1970. O processo de impressão adotado para os materiais de EU NUNCA FUI EMBORA é a risografia — algo equivalente a uma xerox colorida com quatro cores que dá um aspecto de bolinhas e tem cores vibrantes, semelhante a uma foto de revista. “Sempre buscamos essa estética manual, não é apenas um filtro de Photoshop”, afirma Lucas.
Sucessor de sua alegria foi cancelada (2019) e Vou Ter Que Me Virar (2021), responsáveis por ressignificar a Fresno e sua trajetória, EU NUNCA FUI EMBORA mostra como Lucas, Vavo e Guerra conseguem se reinventar e entregar composições atuais mesmo com o passar dos anos. “São as melhores canções de toda a nossa carreira”, conclui o vocalista.
Assessoria