Hérnia de disco: impacto além da dor nas costas



Especialista explica como a hérnia de disco afeta todo o corpo e a importância do diagnóstico precoce. Mais de 5 milhões de pessoas no Brasil sofrem com a doença

A hérnia de disco é uma lesão da coluna que vai muito além das dores nas costas. Com o deslocamento do disco intervertebral, as fibras nervosas são comprimidas, causando dores agudas e persistentes que podem irradiar para outras partes do corpo. Porém, a dor na coluna é só o começo, afirma o neurocirurgião Lucas Vasconcelos.

Com dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que indicam que 8 em cada 10 pessoas sofrem com hérnia de disco em todo o mundo, a conscientização sobre a condição é fundamental. No Brasil, estima-se que 5,4 milhões de pessoas são afetadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A idade média para o aparecimento da hérnia de disco entre os brasileiros é de 37 anos, sendo a dor lombar a primeira causa de afastamento do trabalho e a hérnia de disco a segunda.

Os sintomas não se limitam à região afetada, mas podem se estender aos membros superiores e inferiores, dependendo da localização da hérnia. "Pacientes com hérnia de disco cervical, por exemplo, muitas vezes relatam dores que se espalham dos ombros até as mãos", explica o médico. Além da dor, a hérnia de disco pode causar disfunções intestinais e urinárias. "Constipação, incontinência urinária e dificuldade para esvaziar a bexiga são frequentes. Esses sintomas muitas vezes retardam o diagnóstico, pois não são imediatamente associados à hérnia de disco", completa.

A coordenação motora e o equilíbrio também podem ser comprometidos, aumentando o risco de quedas e acidentes, especialmente em idosos. "A pressão sobre os nervos cervicais superiores pode resultar em cefaleias debilitantes, acompanhadas de rigidez no pescoço e ombros", alerta Vasconcelos. A dor crônica pode levar a quadros graves de ansiedade e depressão. "A constante sensação de impotência diante da dor cria um ciclo vicioso difícil de quebrar, exacerbando o sofrimento", diz o neurocirurgião.

Diagnóstico precoce e tratamento

"Busque ajuda médica ao menor sinal de problema", recomenda Vasconcelos. O diagnóstico da hérnia de disco pode ser feito com base nos sintomas apresentados, na análise do histórico clínico do paciente e em exames de imagem, como a ressonância magnética. "A fisioterapia é uma das primeiras linhas de tratamento, ajudando a fortalecer a musculatura ao redor da coluna e aliviar a pressão sobre os nervos. Em casos graves, a cirurgia pode ser necessária."

A cirurgia é recomendada apenas em casos específicos e graves, que não apresentam controle dos sintomas a partir das terapias conservadoras. "Embora a cirurgia geralmente tenha sucesso em aliviar a dor, a reabilitação pós-operatória é fundamental para a recuperação total", enfatiza Vasconcelos. As próteses de disco, uma evolução no tratamento, substituem os discos doentes por novos, mantendo a função da estrutura com retorno rápido às atividades.

Prevenção

A prevenção da hérnia de disco é igualmente importante. "Manter uma postura correta, praticar exercícios físicos regularmente e evitar levantar pesos de forma inadequada são medidas simples que podem prevenir a hérnia de disco", orienta Vasconcelos. Adotar hábitos saudáveis pode não apenas prevenir a ocorrência da hérnia, mas também melhorar a qualidade de vida.

A hérnia de disco é uma condição séria que requer atenção e cuidados. Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção, é possível controlar os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Assessoria