Maioria dos mineiros não se sentem seguros em disponibilizar dados pessoais no momento das compras


O cuidado com os dados e informações pessoais é um dos grandes desafios impostos pela era digital. Pensando nisso, a Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG) realizou, durante o mês de março, uma pesquisa para entender o comportamento dos consumidores mineiros a esse respeito.

De acordo com o levantamento, 98% dos entrevistados afirmaram se preocupar com seus dados pessoais. E, nesse universo, 72,9% disseram não se sentirem seguros em disponibilizá-los no momento de efetuarem uma compra, enquanto apenas 27,1% afirmaram não se importarem.

Ainda segundo a pesquisa, 50,8% dos mineiros não costumam dar consentimentos na utilização de seus dados. Outros 39% afirmaram não se importar em conceder e 10,2% responderam que concedem automaticamente. Os entrevistados também foram questionados sobre o hábito de tomar alguma medida de segurança ou fazer alguma avaliação antes de compartilhar suas informações pessoais. 84,7% informaram que têm esse costume e 15,3% que não.

“Como a maioria dos consumidores realizam compras nos mais variados estabelecimentos, físicos e virtuais, observamos que existe uma grande preocupação a respeito da destinação que se dá a esses dados que são solicitados”. Com relação ao consentimento, o desconhecimento do tratamento dos dados ou a possibilidade de uma invasão de privacidade foram os pontos mais citados pelos entrevistados como justificativa para não liberar sua utilização”, explica o economista da FCDL-MG, Vinícius Carlos Silva.

Silva ressalta que, nesse sentido, a pesquisa apontou também que 88,1% dos mineiros se sentem mais seguros em compartilhar seus dados nas lojas físicas, enquanto somente 11,9% confiam mais nas lojas virtuais.

“O contato e a presença proporcionados pelo atendimento das lojas físicas dão uma sensação maior de confiança ao consumidor. No meio digital, além da distância, há o receio de que os dados possam ser interceptados por um hacker, por exemplo”, analisa o economista.

LGPD

Em vigor desde setembro de 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi implementada para trazer mais segurança jurídica ao tratamento dos dados pessoais. Nesse ponto, o levantamento mostra que na opinião de 54,2% dos mineiros a LGPD tem feito a diferença. Em contrapartida, 45,8% acreditam que não houve mudança.

“É importante que os estabelecimentos comerciais e empresas, de modo geral, avaliem e revisem os procedimentos relacionados à LGPD, implementando treinamentos de forma contínua à equipe, e reforçando as medidas técnicas e de segurança dos dados pessoais dos clientes. Isso impacta positivamente na avaliação dos consumidores e poupa os empresários de sanções e multas por descumprimento”, avalia a assessora jurídica da FCDL-MG, Sara Sato.

O vazamento de dados, inclusive, implicará em medidas judiciais, segundo 60,6% dos mineiros entrevistados. Outros 31,8% disseram que iriam primeiro à loja verificar o que aconteceu e 7,6% reclamariam nas redes sociais.

“Os lojistas e empresários têm que ficar atentos. A não implementação das medidas exigidas pela LGPD poderá levar a uma crise reputacional da empresa, na medida em que a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais) poderá determinar a publicização da infração cometida pelo estabelecimento, afetando sua credibilidade no mercado”, ressalta a advogada da FCDL-MG.